Pensamentos

Arquivo para o mês “setembro, 2009”

Sou uma mulher de 30. E agora?

faceBem, na verdade eu tenho 31, e não mais 30 (¬¬), mas tudo bem. O objetivo desse post é falar um pouco sobre as mulheres que estão na faixa dos 30 e poucos anos. E eu me incluo nela.

Não é fácil. No dia em que você completa 30 anos, parece que cai um peso enorme em suas costas. Mesmo eu tendo feito algumas coisas que muitas mulheres quando chegam aos 30 ainda não fizeram (me formei, fui morar sozinha, casei, comprei um carro) — o que as deixa super preocupadas — ainda assim fiquei toda estranha no dia do meu aniversário ano passado.

Você começa a pensar que está envelhecendo. Pensa em rugas, cabelos brancos e responsabilidades. Algumas mulheres, como citei antes, pensam em casamento, filhos. Não é apenas uma questão de conquistas, de metas ainda não alcançadas; são as pressões tanto da sociedade como de nós mesmas.

Acho que um grande mal nosso é a comparação. Se tem alguém que gosta de se comparar é a mulher. Mas isso é um erro dos grandes. Ninguém é igual a ninguém. Cada um é único, Deus nos fez assim. Mesmo gêmeos idênticos têm diferentes impressões digitais. Não dá pra se comparar. Por isso, pare de ficar pensando no que sua amiga/colega/prima/irmã alcançou, ou na aparência física delas. Cada um é como Deus o fez. Temos que buscar o que há de bom em nós mesmas, lutando pra sermos cada dia pessoas melhores. Eu já me encuquei por um bom tempo por conhecer outras mulheres que sonham com o mestrado e doutorado, sendo que nunca quis isso. E me achava inferior. Hoje sei que quero fazer minha residência e viver a vida tranquila, talvez tendo filhos, talvez não (ainda não me decidi quanto a isso), mas não quero passar o resto da vida em uma universidade. E não sou menos que ninguém por pensar assim…

Outra coisa péssima é a imagem que a mídia faz do que a mulher tem que ser, fisicamente falando. E se tá na moda ser loira, pesar 40 kg e ter cabelos escorridos, lá vão as mulheres pintar e alisar os cabelos, e fazer regimes malucos — isso quando não se submetem a cirurgias plásticas. Não vejo nada errado em querer se cuidar, sempre falo isso. Eu mesma tenho toda uma rotina de cuidados com a pele, procuro me alimentar bem e evitar o sedentarismo, e sei muito bem que obesidade é doença (caso não saibam, sou médica). Mas obsessão com aparência e preocupação com o físico como se fosse a coisa mais importante do mundo estão longe de serem comportamentos saudáveis.

A gente precisa lembrar que o que a mídia dita como “moda” muda de tempos em tempos. Você pinta o cabelo de uma cor hoje, e amanhã já é outra que está na moda. Você entope o guarda-roupa de roupas e sapatos que estão na moda hoje, e amanhã tem que jogar tudo fora, porque estão “out”. Definitivamente, não dá pra ter uma vida normal assim. Tem que se cuidar, tem que se maquiar (com equilíbrio), tem que cuidar do peso e da alimentação, tem que fazer exercício, tem que vestir roupas bonitas e que caiam bem. Mas também tem que fazer tudo isso com moderação, sabendo que haverá coisas que não poderão ser mudadas. Tem gente que, por mais que faça regime, se alimente bem e faça exercícios, não consegue pesar menos que 70 ou 60 kg. E mesmo assim é saudável, segundo seu médico. E aí, vai fazer o que? Vai se deixar dominar pelo que a mídia diz e viver obcecada porque não consegue ter o corpo da Gisele, ou vai se aceitar, e viver tranquila, sabendo que a mídia não pode ditar como deve ser nossa aparência, e que o que ela diz que é moda hoje, vai virar lixo amanhã?

Gostei muito de um texto que li na internet, há alguns dias, e gostaria que vocês lessem. Tanto quem tem 30, como quem ainda vai fazer. A gente tem que saber que fazer 30 anos não é o fim da vida. É apenas o começo de uma nova fase, que pode ser cheia de emoção, se você assim quiser…

Novidade!

Olá!!! Não sei se vocês perceberam, mas eu agora tenho um domínio próprio! É só digitarem daniellavirmes.com que vocês vêm parar aqui! Estou muito feliz com isso, agora acho até que terei estímulo pra escrever aqui 😉

Away…

Com muita preguiça e falta de estímulo pra escrever aqui…

Manias que tornam as mulheres chatas

mulherchataAposto que vocês já viram a cena. Um casal sentado à mesa do restaurante. O homem calado, a mulher com cara de poucos amigos trata até o garçom mal. Ela parece um poço de mau humor. Pode ser que aquela inocente criatura barbeada e com ar angelical tenha aprontado todas, esteja há 46 dias deixando que ela cuide sozinha das duas crianças, das compras da casa, do conserto da pia e do próprio emprego, naturalmente, e que nunca tenha se levantado de madrugada para trocar uma fralda. Pode ser.

Tudo é possível na combinação de um casal formado por uma mulher amarga e um homem calado. Costumo dizer que basta um homem sem iniciativa para fazer da própria mulher um monstro em desmandos. Acostumada a dar ordens, a fazer tudo, logo ela, a solitária no poder, se acha no direito de intervir também nas questões pessoais dele e, o que deveria ser uma troca voluntária de delicadezas, atenção e respeito, se torna um eterno intercâmbio de farpas e ressentimentos. Tenho medo de homens sem iniciativa, incapazes de perceber que o papel higiênico acabou.

Mas sempre me causa espanto olhar ao redor e perceber também a falta de humor que assola certas mulheres. Considero a falta de bom humor um defeito grave, em ambos os sexos. Sem humor, perdemos a chance de dar um novo rumo a uma conversa tensa ou simplesmente imprimir um clima melhor numa crítica necessária.

Livros e teses que explicam por que homens e mulheres se comportam, ouvem, falam e reagem de maneiras diferentes tem aos montes por aí. Não vou entrar nessa seara, até porque não sou especialista em comportamento humano. Formada em Jornalismo, pois é, aquela carreira do diploma desnecessário, estou apenas minimamente treinada para ser uma observadora e perguntadora profissional. Outro dia, num papo virtual com minha amiga Martha Mendonça, outra observadora diplomada, chegamos à seguinte conclusão: mulher, quando quer, consegue realmente ser chata. “Mais chata que homem!”, concordamos. Por quê?

Fiz um laboratório doméstico e profissional com os homens que me cercam (sou a única mulher da equipe de jornalistas aqui da Sucursal de Brasília…). Além das observações colhidas, saquei do fundo da memória cenas de mulheres tão azedas que até eu ficava constrangida por elas. Fiz uma autoanálise, lógico, lembrando das vezes em que eu podia ter sido bem-humorada mas cismei de ser chata só para castigar o outro, quando a castigada fui eu. De propósito, ignoro características que falam mais da personalidade de alguém do que das manias cultivadas com o passar do tempo. Homens e mulheres podem ser igualmente “aburridos” (chatos em espanhol – adoro essa palavra. É mais forte do que em português), basta não ter assunto, zero de autocrítica e viver observando o lado ruim dos outros. Ninguém merece companhia assim.

Vamos então a uma lista, simples, das manias que permeiam o universo feminino dotando as mulheres dessa enorme capacidade de serem realmente chatas, quando querem.

– Substituir um elogio merecido por um comentário negativo. Exemplo: o cara nunca aparece com flores, aí, no 12º aniversário de casamento, ele compra um vaso de betúnias. A reação chata: “Nooooooooossa, que milagre. Vai chover hoje!” Custava agradecer?

– Considerar o futebol um rival mais ameaçador do que Angelina Jolie nua na sua porta. (Não sou lá muito fã de jogos nas tardes de domingo, um ótimo horário para um passeio familiar com crianças pequenas. Prefiro os de quarta à noite, mas dá para fazer um rearranjo e negociar: já que ele terá duas horas de um prazer bem dele, que tal criarmos um momento só mulher também? E se você não tiver filhos, ótimo, é hora de você, uma mulher tão ocupada de segunda a sexta, dar um pouco de atenção para si mesma, para os pais, para qualquer um, menos para ele. Fala sério, não custa, né?

– Telefonar a cada 15 minutos para falar sobre…nada específico. Sobretudo no início da relação. Vai anotando os assuntos e comenta tudo de uma vez só num telefonema maior.

– Reclamar e criticar o marido/namorado/companheiro/outro para outras na frente dele. Gente, vamos combinar que isso é o fim da picada, né? A regra número um do bom relacionamento é NUNCA desfazer do outro em público. Aliás, isso vale para os chefes, que devem elogiar em público, e repreender em particular; para os pais, porque as crianças ficam constrangidas e se sentem diminuídas; e, obviamente, para o marido também.

– Falar demais. Acrescentei isso aqui só porque alguns homens insistiram. Não estou convencida de que isso seja uma mania feminina até porque já vi tantas “sem assunto” e tantos homens que falam sem parar gabando de si mesmos, do próprio trabalho, do carro…Para mim, verborragia é defeito de personalidade, independente do sexo, agora, reclamar demais…aí já acho que pega…E por que mulher tem tanta mania de reclamar? Leiam os próximos dois itens.

– Falar mal de tudo que ele faz com as crianças. Ele pega o bebê pra brincar e ela já começa: “Ele acabou de mamar, não pode sacudir” ou ele coloca um macacãozinho pra descer com o filho no play e ela: “Está um ventinho! Você quer que o garoto morra de pneumonia???” É saudável que a criança entenda que há várias formas de cuidar dela, claro. Sem falar que essa mania pode deixá-lo tão inseguro que ele passará a te perguntar tudo o que pode ou não pode fazer com a criança, com a casa, e aí a gente entra naquela maniazinha que os homens têm de perguntar tudo…onde está o remédio, onde ficam as fraldas?

–  Olhá-lo de alto a baixo quando ele se arruma para sair com você. Ele colocou calça jeans, tênis e blusa do Homem de Ferro. Que tal respeitar o estilo dele, mesmo que você goste de ir de scarpin e echarpe tomar um chope no boteco da esquina.

–  Discutir a relação. Tem coisa mais generalista e sem foco do que isso? Conselho de um homem: escolhe o tópico e fala dele. Discutir a relação dá a entender que nada está prestando. SE nada está prestando, vai discutir o quê? (eu concordo).

E aí, o que torna até a mais divertida das namoradas uma mulher chata?

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Tirei daqui. Concordo plenamente. E você?

Vida real versus “arte”

midiaSem dúvida os entretenimentos influenciam fortemente nossas condutas, escolhas, emoções. A violência na sociedade tem origem multiforme. Entre as principais, estão a falta de estrutura afetiva e moral equilibrada no lar, modelos da mídia sem padrões saudáveis de comportamento, banalidade da vida sexual, superficialidade das relações humanas, etc. Um relatório de pesquisa da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), verificou entre 6.300 líderes da indústria de diversões que 87% sentiam que a violência na mídia contribui para a violência na sociedade. Isso inclui filmes, TV, vídeo games, letras de músicas, novelas, etc. A Associação Médica Americana, a Associação Psicológica Americana, a Academia Americana de Pediatria e a Academia Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente revelaram que a violência na mídia pode conduzir à dessensibilização em direção à violência na vida real. O parecer comum delas é: “A conclusão da saúde pública comunitária, baseada em mais de 30 anos de pesquisa, é que assistir violência em diversões pode conduzir ao aumento de atitudes, valores e comportamentos agressivos nas crianças” (confira aqui).

A mídia visual é muito poderosa. É muito difícil apagar da mente cenas observadas em filmes, novelas, propagandas, sejam boas ou más, e letras de músicas que ficam obsessivamente às vezes “rodando” em nossa consciência mesmo sem querermos. Não é sem propósito que as empresas de propaganda usam muitos recursos visuais para prender o observador naquele produto que querem vender. Nos Estados Unidos, cobram-se três milhões de dólares por 30 segundos de propaganda num momento importante do campeonato de futebol americano!

Dr. Richard G. Pellegrino, médico com Ph.D. em neurologia e neurociências, pesquisador do cérebro por 25 anos, diz que nada que ele faça pode afetar tanto o estado mental de uma pessoa do que uma simples canção. Ele trabalhou com vítimas de overdose de ópio num pronto-socorro da cidade de Nova Iorque e verificou que ouvir música gera a produção de químicos no cérebro chamados endorfinas, que são como opióides naturais que produzem um “barato” semelhante ao que o ópio ou outra droga psicotrópica faz. O problema, diz o Dr. Pellegrino, é que se a pessoa ouve músicas com mensagens e som destrutivos, isso exerce um poder lesivo no cérebro que os ouvintes não compreendem.

A Academia Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente diz que os jovens, por terem forte tendência de imitar o que veem, apresentam as seguintes alterações quando expostos a cenas de violência na TV:

– Tornam-se “imunes” ou anestesiados diante do horror da violência.

– Gradativamente aceitam a violência como uma forma de resolver problemas.

– Imitam a violência que observam na televisão.

– Identificam-se com alguns tipos de caráter, de vítimas e ofensores.

A Academia recomenda ainda que os pais tomem algumas atitudes para prevenir os filhos dessas violências, como por exemplo:

– Ver o que as crianças estão assistindo na TV, e assistir com elas.

– Colocar um limite para o tempo que as crianças assistem TV.

– Retirar ou não colocar a TV do quarto das crianças.

– Explicar que ainda que os atores e atrizes não sejam feridos de verdade, aquela violência na vida real produz dor e morte.

– Não deixar as crianças assistirem programas ou filmes conhecidos como violentos, e mudar o canal ou desligar a TV quando surgirem cenas de violência, explicando o que está errado ali.

– Desaprovar as cenas de violência que aparecem na TV, mostrando para as crianças a crença de que tais comportamentos não são as melhores maneiras de resolver problemas.

– Conversar com os pais dos amigos de seus filhos para ver se combinam atitudes semelhantes quanto a colocar limites para assistir programas com violência.

(Cesar Vasconcellos de Souza, www.portalnatural.com.br)

Aniversário

aniversario

Hoje eu sinto que cresci bastante
Hoje eu sinto que estou muito grande
Sinto mesmo que sou um gigante
Do tamanho de um elefante
É que hoje é meu aniversário
E quando chega meu aniversário
Eu me sinto bem maior
Bem maior
Bem maior
Do que eu era antes…

(AniversárioPalavra Cantada)

Ser normal ainda está na moda?

Eu acabei de ler um post MARAVILHOSO e queria compartilhar com vocês…

O link é esse aqui: http://tinyurl.com/ozwevw

Leiam, tenho certeza de que vão gostar 😉

Sobre status social e casamento

Casal8Por que existem mulheres que casam com um homem pelo seu “nome”? Não, não falo de um nome próprio, porque é mais bonito que outros. Nada disso… Falo de mulheres que casam com um homem pelo sobrenome, pelo status social, pela renda, pelo carro…

Entendam: eu não estou dizendo que essas mulheres casam apenas por essas coisas. Não duvido que elas amem seus maridos, mas não querem só amar alguém, querem amar alguém que tenha sobrenome, carro chique e renda elevada. E o mais engraçado é que, na grande maioria das vezes, essas são aquelas que defendem que as mulheres têm que ser independentes financeiramente, têm que ter sua profissão, têm que fazer carreira, têm que crescer e se desenvolver como ser humano.

E no entanto elas mesmas acabam fazendo algo que está mais para as mulheres ultra dependentes da década de 50, cujo ápice na carreira seria se tornar uma boa dona-de-casa. Sabe aquelas mulheres que, quando pensavam no que queriam ser quando crescessem, só vinham à mente imagens de uma casa, cozinha, marido e crianças? Aquela família perfeita de seriado americano antigo? Pois é…

Isso pra mim é uma triste contradição. Pois se não há nada de mal em querer casar, ter filhos e ainda ter uma profissão, é no mínimo estranho — pra não dizer duvidoso — pregar a independência feminina e ao mesmo tempo querer casar com alguém apenas se este tiver “status”, posição de “destaque” na sociedade. Parece que não vão ser tão importantes se não tiverem do lado alguém assim. E, fazendo um gancho com o que falei no post anterior, a pena é que muitas mães acabam transmitindo (quando não impoem) esses valores às filhas, que deixam de namorar pessoas muito interessantes, apenas porque não são do agrado da mãe.

Não digo que a mulher tenha que namorar qualquer um. Mesmo sendo uma profissional, mesmo almejando mais que apenas cuidar da casa, do marido e dos filhos, ela tem que se valorizar, e buscar alguém que se valorize e que a valorize. Alguém que, da mesma forma que ela, queira crescer na vida, e tenha valores e princípios. Agora, deixar de namorar um cara estudioso, inteligente, trabalhador, culto, responsável e carinhoso porque ele não mora num bairro nobre, porque ele não estuda na mesma escola particular, porque seus pais não são da high society (conceitinho besta de cidade interiorana, provinciana), aí é estupidez mesmo. E casos como esse não são raros. Uma pena, porque só quem perde é o preconceituoso. Tudo porque alguns pensam que estamos na Índia, dividem a sociedade em castas, e denominam de dalit quem eles bem entendem…

Um dos maiores posts que já escrevi (mas leia, vai ser divertidinho hohoho)

workaholicHoje, por causa de uma reunião que tive no trabalho (com pessoas da comunidade participando também), e por causa de algumas coisas que aconteceram ali (graças a Deus não envolveu nenhum colega) devido a uma certa pessoa que apareceu sem ser convidada, eu comecei a refletir sobre emprego, profissão, carreira, enfim…como vocês preferirem chamar, e como isso está ligado a nossos pais.

Fiquei pensando nos workaholics. Essa tal pessoa que apareceu sem ser chamada é um deles. E já trabalhou no mesmo lugar que eu. Só que foi demitida. E, mesmo estando em outro lugar agora, parece que ainda não se conformou com a perda do emprego. Triste…

O caso é que essa pessoa, que vamos chamar de S., é realmente uma workaholic. Eu — por ter trabalhado com ela por quase dois anos — acho que, se ela pudesse, nunca sairia do trabalho. Não sei por que ela agia (talvez ainda aja, no seu emprego novo) assim. Penso que nossa vida tem várias facetas. Eu sou médica, mas além — e antes — disso, sou cristã, esposa, filha, irmã, amiga… E ser todas essas coisas implica que eu tenho vida além da medicina, tenho vida além do trabalho. Lembro-me de quando estava na faculdade: tudo era muito fácil, eu não precisava me preocupar com contas a pagar, casa, carro, resolver mil e uma coisas, poupança, etc. Mas muitos colegas meus lidavam diariamente com essas coisas, seja porque foram morar sozinhos ao começar a faculdade, ou porque já eram casados, às vezes até com filhos. Quando os professores nos pediam coisas demais, eles eram os primeiros a dizer: “Mas professor(a), nossa vida não é só isso aqui não!”

Você pode estar pensando: “mas eles sabiam que Medicina é um curso puxado, então que se virassem, os professores não tinham culpa de eles terem outras responsabilidades”. Sim, isso é tudo verdade. Os professores não tinham culpa. Mas os alunos também não. Moravam sozinhos? Sim. Alguns eram casados? Sim. E isso é errado? De forma alguma. Ninguém tem culpa por essas coisas. Eles eram apenas pessoas buscando seu lugar ao sol. E tinham todo o direito de fazer isso. A vida não acaba pra quem se casa (prontodesabafei kkkkkkkk).

Eu creio piamente que nossa vida pode e deve se desdobrar. Precisamos trabalhar, mas também precisamos namorar, viajar, conhecer pessoas novas, ter momentos de lazer, ter descanso físico e, acima de tudo, espiritual. Isso é necessário pra nos realizarmos plenamente como seres humanos, porque Deus nos fez assim, com todas essas facetas, como falei antes. Mas entendo que existam pessoas que, por algum motivo, acabem priorizando um ou outro aspecto de sua vida. Esse é o caso de S. Como falei, eu não sei o que a leva a ser uma workaholic. Talvez não goste de estar em casa, com o marido ou filhos. Talvez não goste de ler, ou passear. Talvez deteste viajar (antes que alguém diga: “ah, mas só dá pra fazer essas coisas se trabalhar”, eu respondo, “se trabalhar como gente normal, consegue fazer isso tudo, agora, se o negócio é se matar pra juntar dinheiro e não poder usufruir dele, interna, que pra mim já endoideceu”). Não sei, o que sei é que a mulher não ama trabalhar, ela é VICIADA nisso…

E daí? Daí nada, todo mundo tem o direito de ser viciado no que quiser: trabalho, estudo, jogos, sexo, drogas lícitas ou ilícitas, enfim… Agora, querer obrigar quem está ao seu redor, quem trabalha com você, a ser viciado também, aí é demais, né? Mas era isso que S. fazia quando era minha “colega” de trabalho. Queria impor o péssimo estilo de vida que era só dela a todos nós. E isso causava tensões e discussões. Nunca me dei bem com a tal, e ela nunca gostou de mim. Tanto que hoje, quando ela chegou, fiquei no meu canto. Uns puxa-sacos foram lá, dar abracinho e coisa e tal, mas não consigo ser tão falsa. Eu não gosto dela. Não tinha pra que ficar fazendo isso; e pra não dizer que eu estou exagerando, ela nem olhou pra mim. Mas voltemos à discussão. Ela era tão chata com as coisas do trabalho que às vezes eu achava que eu que era muito lerda, ou preguiçosa, ou irresponsável, ou isso ou aquilo. Mas graças a Deus eu tenho um esposo e pais maravilhosos, que conversavam comigo e me mostravam que não era eu que era essas coisas, e sim ela que era exagerada, e exigia dos colegas coisas desnecessárias (pra não falar de quando ela invadiu minha sala no meio de uma consulta, sem bater na porta e falando com aquela voz esganiçada dela, mas isso fica pra outro post). Graças a Deus a pessoa que a substituiu é muito diferente, e, pelo menos pra mim, hoje o ambiente no trabalho é leve!

Porém, as marcas que essa pessoa deixou levarão tempo pra se apagarem. E eu fico pensando no quão chata deve ser a vida de alguém assim, viciado em trabalho, e cujo intento é tornar todos ao seu redor tão viciados quanto. Ninguém, ninguém mesmo, merece trabalhar com megeras dessa categoria. Mas o pior são os pais que são assim, e que acabam levando os filhos a pensarem que devem agir do mesmo modo.

Aqui no blog, eu sempre tenho batido na tecla de que a gente deve ouvir nossos pais, deve se aconselhar com eles, porque são mais velhos, têm experiência de vida, e podem nos ajudar muito a enfrentarmos nossas próprias dificuldades. O próprio Deus diz, nos Dez Mandamentos, “honra teu pai e tua mãe”. Mas notem, Ele diz “honra” e não “idolatra” ou “faz tudo que eles mandarem mesmo que isso seja loucura, ou que vá contra seus princípios, ou contra Mim”. Honrar os pais é diferente de fazer tudo que os pais mandam, ainda mais quando a gente é adulto. Eles são, usando uma linguagem ‘de hoje’, os nossos consultores para assuntos da vida, mas não os ditadores.

O problema é que muitos pais, mesmo sem querer, acabam criando nos filhos a ideia de que estes têm que fazer tudo que eles fizeram, da forma que eles fizeram. E os filhos acabam mesmo seguindo esse caminho, sem sequer notarem. Portanto, filhos de workaholics tendem a ser workaholics. Eu não fiz nenhum estudo sobre isso, nem li nada na internet, mas é apenas fruto de uma pesquisa empírica. Muitos filhos acham que têm que fazer tudo que os pais fizeram, e do mesmo modo que eles fizeram. Eu, por exemplo, ainda hoje me orgulho de dizer que casei com a mesma idade em que minha mãe se casou, 28 anos, formada e trabalhando. Os filhos são assim, tendem a imitar os pais, quer seja nas coisas boas, quer nas ruins. Passam a achar que precisam mesmo fazer isso, e que, se não fizerem, existe algo de muito errado com eles.

Por exemplo, se seus pais conseguiram comprar uma casa com 2 anos de casados, e, aos 5, já possuíam dois carros, isso quer dizer que você tem que conseguir o mesmo na mesma época, certo? Se eles já tinham completado o doutorado quando você estava com dez anos, você também terá que conseguir isso quando seu filho tiver dez anos? Errado! Nada disso! Você é você, seus pais são seus pais… Outra história, outras vidas. Parece óbvio, mas às vezes não é. Tanto que a gente fica querendo agir como eles, alcançar o mesmo que eles, e quando não conseguimos nos sentimos frustrados, desafortunados, como se tivesse caído algum tipo de praga em nossas vidas. Por isso que a gente tem que ter o cuidado de não enveredar por esse caminho, coisa que, como disse antes, fazemos sem perceber. Não temos que repetir a vida dos nossos pais, não temos que realizar todos os sonhos que eles têm para nós, ou que tinham pra eles e não realizaram. E isso não é desonrá-los. E os pais têm que entender que os filhos não são deles. Foram dados a eles de presente, pelo próprio Deus, mas não são deles. Eles os recebem para amar, educar, dar carinho e incentivar, mas nunca para dominá-los, ou determinar como devem viver a vida…

Conheço uma menina que tinha o futuro todo determinado pela mãe. Ia fazer Medicina (como realmente fez, passou no primeiro vestibular, na mesma universidade que eu, terminando antes de mim, por ter entrado antes), e depois ia fazer residência em São Paulo, no mesmo hospital em que os pais dela fizeram, e já tinha até um apartamento onde iria morar, lá, do ladinho do hospital (ela morou com os pais em São Paulo um tempo, antes de se mudar pra minha cidade, e foi nessa época que adquiriram o apartamento). Eu não sei a vida dela depois da faculdade. Sei que ela se formou, mas depois disso, não soube de mais nada. Mas fico imaginando que vida terá sido a dessa menina. Ela pode até ter sido feliz um tempo, ou fingido ser. Mas ninguém aguenta viver os sonhos de outro o tempo todo. Temos que viver os nossos, mesmo que não sejam o que nossos pais um dia sonharam, ou o que nossos amigos imaginam ser o melhor pra nós. Precisamos nos desvencilhar dos nossos pais nesse sentido — não deixar de amá-los ou respeitá-los, mas entender que precisamos viver nossas próprias vidas, não necessariamente tendo que fazer tudo que eles fizeram, na mesma época e do mesmo modo que eles fizeram….

Talvez alguém pense que é fácil pra mim dizer essas coisas, porque meus pais sempre foram muito sábios e compreensivos quanto a isso. Mas para quem sente que os pais, mesmo sem notarem, estão agindo dessa forma, não custa nada ter uma conversa franca e amigável, expondo seu ponto de vista sobre o assunto e mostrando pra eles que, no fundo, você busca o melhor pra você, o seu sucesso, tanto quanto eles. Talvez você não tenha o mesmo carro chique que eles, talvez você não seja um workaholic e prefira dar prioridade a outras coisas na vida que não o trabalho, talvez você nunca venha a ter uma casa luxuosa como a deles, talvez você tenha uma vida mais simples. E isso não quer dizer que você não tem respeito a seus pais. Mas sim que você quer ter sua própria vida, e deseja apenas ser feliz.

História sem Fim

historiasemfim_destaqueOntem eu assisti ao filme História Sem Fim. Sim, já havia assistido um zilhão de vezes antes. Mas é que na sexta à tarde eu comprei o DVD do filme, que ainda vem com a parte II (ainda bem que só essa, porque a três é de dar dó…). E ontem eu inaugurei 🙂

Pra mim não tem Goonies ou Fantástica fábrica de chocolate que superem o que História sem Fim representou pra mim na infância (Karate Kid está fora de comparação porque o tema é outro, mas é também um filme que eu adoro e que marcou demais). O interessante foi notar — após anos sem ter assistido — que hoje eu vejo coisas que não via quando criança. Isso é óbvio, porque quando a gente é criança, vemos apenas a parte da fantasia. Mas eu fiquei impressionada com o tanto de coisas que a gente aprende, vendo ‘apenas mais um filminho bobo pra criança’.

Daqui por diante, vou falar sobre o filme, se você ainda não assistiu, pode ser que queira evitar essa parte, pra não perder a graça 😉

Primeiro, com aquela história do Pântano da Tristeza (essa é outra coisa legal sobre o filme, os nomes dos lugares…alguém aí já imaginou como seria o “Mar das Possibilidades”? hehehe): se você ficar triste, se deixar levar pela tristeza do lugar, é certeza que vai afundar. Na vida também é assim. Se nos deixamos levar pelos problemas e dificuldades, acabamos ‘afundando’ e talvez não haja mais salvação pra nós. Apesar das dificuldades, temos que prosseguir, que ir em frente, por mais difícil que seja — e é.

Depois, Atreyu precisa se encontrar com as Esfinges. As danadas são miseráveis: se você não confiar nas suas capacidades, elas te fuzilam com os olhos. E assim é conosco, no ‘mundo real’. Não podemos confiar apenas em nós mesmos, pois Deus está acima de nós. Mas também precisamos saber que Ele nos dotou de dons, e nos capacitou e ainda capacita para tudo aquilo que nos chama pra fazer. Precisamos acreditar que, com Ele, tudo é possível. Do contrário, somos ‘fuzilados’ pelas circunstâncias da vida.

Logo em seguida, ele terá que enfrentar a si mesmo. Terá que encarar quem ele é de verdade, diante do Espelho Mágico. Uma das frases que me marcou nessa cena (e pelo visto marcou o dono deste blog também — texto muito legal por sinal!) foi: “Diante do verdadeiro eu, a maioria dos homens foge gritando”. E não é que é assim mesmo? Dizem existem três Eus: o eu que os outros veem, o eu que eu penso que sou, e o eu que realmente sou. E esse nem sempre nos agrada. Mas ao nos depararmos com ele, não adianta chorar ou gritar. Temos que enfrentar a realidade e ver o que podemos fazer pra mudar o que for necessário mudar. E também saber que há coisas que não podem ser mudadas, só nos restando aceitarmos essas características, e procurarmos ser o melhor que pudermos…

No final, a Esperança vence, e Fantasia volta à vida. Mas antes, há cenas interessantes, como na conversa de Atreyu com Gmork (o ‘agente’ do Nada), em que este diz coisas como: “Fantasia não tem limites.” E não tem mesmo. Isso me lembra de uma música que diz que “O sonho de Deus é maior”. Fala de quando sonhamos com algo, o que Deus imagina é mil vezes maior que aquilo que pensamos ou imaginamos. Deus quer nos dar mais. Com Ele, os sonhos, as ‘fantasias’, por mais que pareçam impossíveis aos olhos humanos, não têm limites. Outra frase marcante foi: “Pessoas sem esperança são fáceis de controlar.” E infelizmente são mesmo. Dá pra fazer o que você quiser com alguém que não tem esperança em nada, que não sonha com nada, que não deseja nada na vida. Porque você pode convencê-la facilmente de qualquer coisa, e levá-la de um lado a outro. Isso não se dá com quem tem um alvo, um objetivo, e que fará de tudo que estiver ao seu alcance para conseguir o que mais deseja. Nada poderá fazê-lo desviar-se do alvo.

Por último, a melhor frase do filme, pra mim: “Todo começo é escuro.” Todo começo é difícil. O nascimento. O início dos estudos, do trabalho, do casamento. Enfim, todo princípio é doloroso, mas depois a alegria vem, como veio à Fantasia. Aprendi com esse filme que temos que sonhar, desejar, ansiar, mas também agir. De nada adianta querer e não fazer nada pra conseguir. De nada adianta fazer mil coisas sem saber o que se deseja, vagando sem rumo.

Acho que, como esse, vai ser difícil fazerem outro. Um filme que, pra o público infanto-juvenil de hoje em dia, tão ‘moderninho’, talvez não tenha tanta graça porque não tem tantos efeitos especiais super maravilhosos, nem tem lutas e violência, nem cenas de sexo explícito. Mas que marcou minha infância, e, apesar de adulta, ainda me encanta…

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