Pensamentos

Feios: resenha

Bom, como prometido, vou falar sobre o livro Feios! Mas atenção: pode ser que você não queira ler, pois o post pode conter spoilers hehehe…

O livro, como já mencionei, fala sobre um mundo onde o certo é ser perfeito. Todos, quando chegam à idade de 16 anos, têm que fazer uma cirurgia plástica, o que é imposto pelo governo. Essa cirurgia torna a pessoa perfeita, a qual deixa de viver em Vila Feia (onde só moram os feios) e vai viver em Nova Perfeição — local onde as pessoas vivem sempre felizes e festejando a vida, sem quaisquer problemas.

Mas acontece que há pessoas que não aceitam essa imposição. Não se acham feias, e não querem mudar sua aparência. E a personagem principal do livro, Tally Youngblood — que sonha em fazer 16 anos para se tornar perfeita — conhece uma dessas pessoas, Shay. Ela não quer fazer a cirurgia, e tenciona fugir para Fumaça, local para onde vão aqueles que pensam diferente da maioria.

E é exatamente a partir daí que a história começa a ficar empolgante: Shay, é claro, convida Tally para ir com ela para Fumaça. Mas Tally fica em dúvida. O que ela não sabe é que está prestes a descobrir coisas que nem imaginava sobre o que está por trás dessa cirurgia, e como a ideia é mudar não apenas o corpo, como também o modo de pensar das pessoas.

Existem muitas coisas boas nesse livro. Pra mim, a melhor delas é o debate sobre a obsessão com a aparência. E o mais legal é que ele (o livro) fez o assunto ficar interessante para adolescentes, que geralmente não se interessam por temas desse tipo, até porque a maioria realmente acredita que precisa parecer com os meninos e meninas das capas de revistas. Não precisamos parecer com ninguém, exceto conosco mesmos. Quem disse que pra ser lindo tem que ter o cabelo desse ou daquele jeito, parecer-se com tal pessoa, ter olhos dessa ou daquela cor? Isso não existe, e o livro traz essa ideia.

Outra coisa legal são os toques sutis que o autor faz, ao longo dos capítulos, de como a sociedade daquela época (que parecer ser posterior à nossa, a qual é sempre criticada pelos perfeitos, mas melhor compreendida pelos “Enfumaçados”, os habitantes de Fumaça) sempre tenta “maquiar” tudo, nunca deixando que as coisas — nem a aparência das pessoas — sigam seu curso natural. Todo mundo se acha feio, e é natural se achar assim, visto que a sociedade impôs esse pensamento. Interessante notar que, apesar de se passar no futuro, a trama traz semelhanças com nosso mundo de hoje: não há uma tentativa totalmente exagerada de fazer “o tempo parar” esteticamente falando? Não existem pessoas pessoas magras que acham que sempre têm uns quilinhos a mais pra perder? Ou pessoas que consideramos lindas que encontram sempre um defeitinho aqui e ali?

Também se fala sobre a questão do pensamento igual. Quase todo mundo acha que TEM que fazer a cirurgia, que TODOS que não a fazem são feios e tem vidas tristes e tediosas e que o CERTO é ser perfeito e viver sem pensar em nada mais sério que festas e afins… O mundo (sociedade, pessoas em geral) hoje quer que todos se enquadrem num determinado padrão. E, junto com a mídia, consegue fazer a gente achar que nunca seremos bonitos o suficiente. Mas “esquecem” de avisar que esse padrão, com o tempo, vai mudar. O que é bonito hoje não será daqui a alguns anos, ou mesmo meses. E aí, o que farão aqueles que quiseram se adaptar ao padrão de hoje, que foram ‘catequizados’ para serem desse ou daquele jeito?

Cada um é como é. Temos que nos cuidar, não estou fazendo apologia à obesidade ou ao comer mal. É mais um alerta para que a gente se ame como é, com os pneuzinhos, com a cor de olhos e cabelos, com a cor da pele e o corpo que Deus nos deu. Cuidado sim, obsessão não. Mas não preciso falar tanto. O livro faz isso bem melhor que eu, e de forma bem mais criativa. Leia e comprove 😉

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3 opiniões sobre “Feios: resenha

  1. Ei Dani!
    Gostei tanto da sua análise que estou louca pra ler o livro!
    E eu também acho o fim da picada essa ditadura da beleza
    =X
    Beijos

  2. nemar em disse:

    De nemar – Vila Feia
    Para Daniella – Nova Perfeição
    Obrigado pelo comentário ao livro. Tão perfeito que não tenho vontade em comprá-lo. Já o li pelos teus olhos.(bonitos. Mas não precisa sair contanto à qualquer Pastor que vê pela frente.)
    Eu não desejei e nem fiz essa operação. Basta não olhar um espelho para ter a certeza que sou bonito.

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